Paulo é certamente o apóstolo que mais influenciou igreja cristã. Suas cartas representam quase a metade dos livros canônicos do Novo Testamento. O testemunho que o livro de Atos nos dá de sua conversão, sua chamada, seus labores e sofrimentos pelo Evangelho de Cristo o estabelece como o maior missionário cristão da Igreja nascente.
A primeira e mais importante das questões que envolvem o ministério de Paulo é o que o seu apostolado representa diante do grupo original dos doze apóstolos de Jesus Cristo.
Alguns defensores do ofício apostólico para hoje argumentam que os doze eram um grupo inicial e único de apóstolos. Paulo, por sua vez, representava a "segunda geração" de apóstolos. Apesar de Paulo não estar entre os doze, ele está em uma categoria semelhante a deles como será demonstrado nos textos que se seguem.
Como o apostolado de Paulo é rico em diversos aspectos, serão apresentadas algumas características para demonstrar que, apesar de posterior aos doze, em nada ficava distante ou descolado deles como uma "segunda onda" de apostolado.
As marcas do seu apostolado: Testemunha da ressurreição de Cristo
"Ele apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém alguns já dormem. Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo (1Co 15.5-8)"
O primeiro ponto é que Paulo viu o Cristo ressurreto e tornou-se, assim, testemunha de sua ressurreição, mesma experiência vivida pelos 12. Nos relatos de Atos, a aparição de Jesus no caminho de Damasco é descrita como uma luz do céu mais brilhante que o próprio sol. O detalhe de que isso ocorreu cerca do meio-dia acentua a intensidade do brilho (At 22.6; 26.13). Paulo viu Cristo depois de sua ascensão, e a razão provável que ele tenha visto como o brilho intenso é que o corpo de Jesus foi glorificado, e sua aparência não poderia ser percebida pelos mortais senão desta forma, tal a glória que foi revestido. Talvez o que mais se assemelhe a esta aparição no caminho de Damasco seja a visão que o apóstolo João teve mais tarde do Cristo glorificado em Apocalipse (Ap 1.16) "O seu rosto brilhava como o sol na sua força". Paulo coloca este avistamento de Cristo no mesmo nível dos demais antes dele (cf 1Co 15.1-8).
Aparição x Visão
Aqui é importante fazer uma importante distinção entre uma aparição do Cristo ressurreto e uma visão em que Jesus aparece. O que ocorreu no caminho de Damasco, com Paulo, foi uma aparição do Cristo ressurreto. Depois disso, Paulo teve diversas visões em que Jesus lhe apareceu: ele "viu" um homem que o haveria de curar da cegueira (At 9.12), O Senhor lhe apareceu para confortar e animar (At 18.9), mais tarde em Jerusalém (At. 22.17-18) e se refere ainda às visões e revelações do Senhor (2Co 12.1).
A diferença principal, parece, é que, enquanto uma visão é subjetiva e ocorre inteiramente na mente do indivíduo, a aparição é objetiva, ela está lá diante do indivíduo e poderia inclusive ser vista por outras pessoas, ao contrário de uma visão. No relato de Lucas (At. 9.7) os companheiros de Paulo ouviram a voz que falava com Paulo e todos caíram por terra, embora não entendessem o sentido da voz (At 22.9; 26.14).
Pouca dúvida podemos ter de que, segundo os relatos, tratou-se de uma aparição pessoal de Jesus com seu corpo ressurreto e glorificado. Se fosse penas uma visão, como um sonho, isso não qualificaria Paulo como apóstolo. A maioria dos apóstolos modernos reivindica uma chamada feita por Cristo mediante uma visão, o que nem de perto se compara ao chamado de Paulo.
A seguir: E o Apóstolo Paulo? As marcas do seu apostolado - Comissionado diretamente pelo Senhor - Livro Apóstolos
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